terça-feira, 30 de agosto de 2011

O que quer a mulher que vive na contemporaneidade?

A indagação sobre o que quer uma mulher feita por pelo mestre Freud (1900) permanece até os dias atuais como uma questão a ser resolvida por nós que ocupamos este lugar, o de mulher.
Deste lugar posso dizer que somos entrelaços de tantos eus. Um pouco isto e um pouco aquilo. Um desejo aqui, um desejo ali e outro acolá... Somos um feminino constituído nos entre lugares dos saberes, das emoções, das razões, dos fazeres e dos dizeres.
Para o grande mestre pai da psicanálise, este lugar, o do feminino, é um continente obscuro e complexo.  O obscuro e complexo se vincula ao entre jogo de inúmeras formas de se fazer e de se dizer mulher. Para a época do surgimento da psicanálise, por volta do século XX, em Viena, esta versatilidade feminina encontrava suas formas de silenciar nas regras e nos valores sociais da cultura vigente e, normalmente, se convertia em sintomas orgânicos.
A bem da humanidade e das denuncias destas mordaças sociais que pesavam sobre as mulheres, inegavelmente, os estudos de Freud trouxeram grandiosos avanços quanto à importância do reconhecimento de que para tornar-se mulher, é necessário ascender à castração, uma vez que a anatomia do corpo não designa o destino, enquanto lugar do feminino ou do masculino. A feminilidade é resultante de operadores inconscientes sobre a triangulação edípica que conduzem à passagem para torna-se mulher.
Estamos no século XXI e ainda nos surpreendemos com algumas mordaças que silenciam a feminilidade de modo sutil e até mesmo bem visível para os  não que desejam ver.
O silenciar a feminilidade passa pela negação do desejo. Inscreve-se também na contenção da palavra que invisibiliza o desejo e mantém  o gozo aprisionado .
  Enquanto feminina e mulher, somos uma indefinição que nos impulsiona para uma eterna procura e por isso desejamos, aqui e ali, incessantemente.  Nada pode nos amordaçar, nos aprisionar, nos matar. Dito pelo reverso, tudo pode nos amordaçar, nos aprisionar, nos matar se não nos reconhecermos como sujeitos desejantes e desejosos.
Perguntamos a nós, mulheres da contemporaneidade: dentre tantas atividades que fazemos, tantos lugares que ocupamos, tantos vínculos que construímos dentre outros : Eles são perpassados pelos nossos desejos???  

domingo, 21 de agosto de 2011

Sara Tavares-Eu sei inspirado no Salmo 138

Sara

Tempos de Fluidez

Um olhar nada mais que um olhar
Um sorriso nada mais que um sorriso
Um aceno nada mais que isso
Nossas relações se dissiparam no tempo da fluidez
Onde tudo se evapora sem deixar rastros sem que possamos pelo menos acompanhar ou ter a esperança de que alguma coisa pode trazer a solidez.
Quem sabe uma lembrança, uma saudade de alguma cena tão rara
Nos tempos de mutações a fluidez faz de nós meros coadjuvantes de alguns momentos do outro. Há a permanência da dúvida.
Não sabemos se a descontinuidade destas relações conseguirá afastar tristeza companheira sem convite, mas é aquela que nos dá a certeza de que com ela sempre contaremos.
O olhar do outro em tempos de fluidez invade e esvazia

O sorriso do outro em tempos de descontinuidade aproxima para descartar
O aceno do outro em tempos de idas e vindas nos traz a dúvida quanto à hora de partir e de chegar para não sofrer o descarte.

A DOR DA INDIFERENÇA

O que eu amo em ti é a palavra,
teu verbo,
meu verbo.
A escritura que se fez carne com a tinta que se fez sangue
O que amo em ti são os matizes dos verbos que transitam pelas esquinas, pelas sombras
por entre os claros e os escuros do desconhecido
O que amo em mim são os matizes do feio que contracenam com os matizes do bonito dos verbos que transitam pelos tons e sobre tons das palavras ora aos tropeços, ora aos sons sutis da melódia da sedução.
A indiferença é inimiga da palavra.
Congela sua voz e seu sangue, aprisiona a sua escritura, esvazia a sua alma.
A dor da indiferença se inscreve:
na morte do verbo,
na morte da carne
do sangue
do amor por ti

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

A BELEZA DA JUVENTUDE

Escrever sobre a beleza da juventude, a princípio, nos parece tão simples e fácil pela fascinação que ela causa a todos nós.  Possivelmente, ao se pronunciar ou se escrever a palavra juventude ,a complementação de seu sentido pleno virá sem dúvida com a inscrição de uma outra palavra que imprima o sentido do belo na sua reverberação.
Belo, Beleza, Juventude, onde anda o AMOR?
Será que ele só acontece nesta condição?
- A do belo, beleza, juventude
Quem sabe?
Pois o amor, ao nascer, é jovem e com a continuidade existe a necessidade de ele se renovar .
Ele, o amor, pede vida, condição para a sua existência.
E o belo, a beleza?
Estão juntos com o nascimento e a renovação e a vida.
Eles dão o colorido à juventude que não existe somente no EU, mas sobretudo no que é invisível aos nossos olhos.
Essa força invisível se entrelaça ao coração, às emoções , aos olhares, às mãos e faz de nós jovens belos(as) em qualquer tempo pelos laços do amor.
Não precisamos ser reféns da estética do outro para referendar a juventude que julgarmos não mais possuir, por causa da idade.
A arte do belo está em se fazer jovem aonde o viço já se distancia, onde o tempo fez seus escritos e deixou nas suas marcas as sendas construídas, percorridas e vividas pelas histórias de cada um.
E assim posso dizer que podemos amar e ser amados se alcançarmos a sabedoria desta arte que nos condiciona a juventude não pela beleza do físico pó si só mas a uma beleza  que emana para além do físico que reflete a estética do belo pela sabedoria de ser no tempo, ser na sua escritura, nas marcas vividas pelas nossas histórias de aprendizagens de sujeitos.